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Resenha #25 - Deixado Para Morrer, Beck Weathers e Stephen G. Michaud

Informações técnicas:

Título Original: Left to Dead

Autor: Beck Weathers e Stephen G. Michaud

Editora: Intrínseca

Ano: 2015

Páginas: 256

Sinopse: Em 1996, Beck Weathers e seu grupo de alpinistas empenhavam-se na dura jornada de vencer o Everest quando uma tempestade inesperada atingiu a montanha, desmantelando o grupo e os deixando à deriva em meio à nevasca e ao vento congelantes, que cegavam e impediam qualquer movimento em direção à salvação. Quando foi possível uma primeira tentativa de resgate, Beck estava à beira da morte e foi abandonado na neve enquanto outros, com mais chance de sobreviver, foram salvos. Doze horas mais tarde, aconteceu o inexplicável: Beck surgiu descendo a montanha na direção do acampamento, cego, sem luvas, o gelo invadindo até mesmo o interior do macacão térmico. Assim como Beck, dezenas de pessoas foram surpreendidas naquele 10 de maio, até então o dia mais mortal em 75 anos desde a primeira investida humana no Everest. Oito morreram. Deixado para morrer é um dos mais impactantes relatos dessa tragédia. Beck revisita a decisão de escalar uma das montanhas mais perigosas do mundo — à época ele era um alpinista amador de 49 anos — e narra toda a sua incrível jornada desde a tempestade que deveria tê-lo matado até sua surpreendente volta à vida. Tudo isso com a intensidade única de quem ganhou uma inesperada e extraordinária segunda chance.

Resenha

Dividido em 4 partes, Deixado para Morrer é um livro de não-ficção narrado em primeira pessoa, em sua maioria na perspectiva de Beck, com esporádicas narrativas sob o ângulo de vista de outros personagens (como sua esposa e filhos), escrito por seu co-autor Stephen G. Michaud.


A primeira parte do livro, Beck nos traz o relato daquele 10 de maio de 1996 com detalhes e informações interessantes sobre todos os aspectos do alpinismo, e, claro, sobre a tragédia que acometeu o grupo que escalava o Monte Everest. Antes da escalada, entretanto, o grupo passou muitas semanas na base do Everest, se preparando para a escalada final. Beck estava no grupo da Adventure Consultants, comandado pelo experiente montanhista Rob Hall (ele concluiu os Sete Cumes em sete meses! Incrível!). Embora Rob tivesse muita experiência e zelasse muito pela vida dos clientes, isso não o poupou da tragédia.


Rob conduziu a escalada até o cume do Everest com muito cuidado, sempre atento as condições do clima e etc. Beck não conseguiu chegar ao cume por causa de um problema na visão. Ele ficou a pouco menos de 500 metros abaixo do cume. Segundo Rob, não era aconselhável Beck tentar alcançar o cume como, da mesma maneira, não era aconselhável ele retornar ao Acampamento Avançado sozinho. Assim, Beck ficou esperando pelo retorno de Hall para ajudá-lo a descer. O que nunca aconteceu. Rob, contrariando todas as normas, resolveu ajudar um dos seus clientes, Doug, a chegar ao cume, embora fosse desaconselhável chegar ao topo do Everest após as duas horas da tarde. Quando Hall e Doug estavam descendo, uma tempestade atingiu o Everest. Juntando a tempestade ao cansaço físico e mental de Doug, o imprevisto foi mortal.


A essas alturas, Beck já tinha retornado com outros alpinistas que desistiram do cume por conta da falta de cordas fixas — um problema que também atrasou o grupo. Desse ponto em diante, inúmeros erros aconteceram e que foram cruciais para tornar o 10/05/1996 o mais mortal da história do Everest. Rob não conseguiu voltar, nem uma equipe de resgate conseguia subir, por conta do clima, e ele acabou morrendo um pouco abaixo do topo do Everest.

Já Beck Weathers foi dado como morto logo após a tempestade. Ele ainda estava vivo, muito fraco, mas naquelas circunstâncias, tentar salvá-lo.

comprometeria a vida dos outros alpinistas. Então ele foi deixado para morrer. Horas depois, o inacreditável aconteceu. Beck acordou, conseguiu se levantar e seguiu até o Acampamento Avançado. Beck narra também o drama do resgate. Como ele não tinha forças para continuar descendo, era preciso um resgate de helicóptero, mas, naquelas alturas, com o ar rarefeito, também era algo praticamente impossível. Um impossível, contudo, que foi realizado.

Nas outras três partes do livro, Beck nos conta sobre outras experiências de escaladas antes de tomar a decisão de escalar o Everest e também sobre os dias após renascer. É a partir desses relatos que nós conhecemos um


pouco mais da vida de Beck, de como ele encontrou no alpinismo um meio de vencer sua depressão, e também como esse mesmo meio o afastou da mulher e dos filhos.

Considerações pessoais.

O livro tem uma narrativa muito boa e verdadeira. A leitura flui de uma maneira muito prazerosa e o relato do Beck é muito consistente. A gente quase pode viver aqueles momentos por qual ele passou, não somente no Everest, mas em todos os momentos da sua vida que ele narra no livro. De primeira, eu achei que as outras partes do livro, as que fogem do assunto da tragédia, seriam desnecessárias, mas com o avançar da leitura, você percebe como aqueles relatos também são muito importantes pra entender mais o Beck e dos motivos que o levou a escalar o Everest. A leitura das demais partes foi tão boa e tão prazerosa quanto a narrativa sobre a montanha mais alta do mundo.

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